segunda-feira, 3 de outubro de 2016

3 de outubro

Hoje é 3 de outubro. É um dia de rir só pela data em si, mas eu já acordei chorando. Tem sido assim na maioria dos dias. Hoje o céu chorou comigo. Eu andei por sete horas (sim) pensando o que fiz com a minha vida, em como eu permiti que tudo chegasse a esse ponto. Eu trabalhei por dois anos pra que nada me abalasse, pra ser leve, pra não deixar cobrador mal humorado ou cantada barata estragar meu dia. Mas eu falhei. Eu não considero fraqueza, afinal eu não tive medo. Mas tenho medo do que vem agora.

Brinquei a semana toda falando que você sabe que se fodeu quando começa a cantar Manu Gavassi (rancor eterno, desculpem). Mas é verdade. Essa danada tá ecoando na minha cabeça junto com um Emoponto de 2007 repetindo "não quer mais ser a dona dessa canção".

Não to em condição de dizer nada motivacional esses dias, me desculpem. Mas continuo sendo palhaça e fazendo brincadeira até quando não devo, até chorando (que sorte ter amigos que sabem rir disso).

O negócio é que o mesmo Emoponto canta uma coisa muito importante em outra música que eu tinha esquecido "escute alguém que te deixe melhor, não cultive o pior". Então, embora esse choro ainda vá durar alguns dias ou semanas. Eu não vou obrigar ninguém a me ouvir. Eu tentei, eu cansei e isso só me fez mais e mais mal. Eu fiz o que pude. E eu tentei me desculpar, só que tá fora do meu alcance obrigar alguém a aceitar ou não, só não quero mais me sentir mal. Eu sou essa ser humaninha meio doidja, meio desregulada, mas de bom coração e que não nega ajuda. Infelizmente, nem todo mundo vai estender a mão pra gente, mas a gente se vira como pode.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Sobre a morte e o quanto eu te amo 2

Quando eu era pequena, eu adorava ir no cemitério de Pariquera e ficar ouvindo histórias do meu pai sobre nossos parentes, saber quem era quem, o que tinha feito, o que tinha acontecido. 
Eu sempre gostei de contar histórias e de ouvir histórias (me desculpem se em algum momento eu perguntei algo que soou invasivo). Eu gostava de passear por partes onde haviam outras famílias e ficar imaginando suas histórias pelas fotos, apesar de sentir medo da maioria. 
Hoje eu não sinto a mesma coisa. Na verdade, eu não sei se tenho coragem de pisar lá porque uma história em especial se encerrou e fez uma grande diferença na minha, por mais que tenha se passado mais de um ano.
Publicado originalmente em 22 de julho de 2013.

domingo, 24 de julho de 2016

Respeito é uma via de mão dupla

Você ri porque alguém tem uma fé ou uma religião, mas não gosta quando olham feio para as suas tatuagens ou o seu cabelo colorido.
Publicado originalmente em 8 de abril de 2013.

sábado, 23 de julho de 2016

O mal do filho único

Eu ser filha única me faz parecer que eu pertenço a um grupo extremamente diferente e conviver com quem tem irmãos me faz sentir como se eu tivesse perdido uma coisa maravilhosa.
Publicado originalmente em 14 de agosto de 2012.

sábado, 16 de julho de 2016

Sobre a morte e o quanto eu te amo

Eu acho que a morte causa um sentimento meio que de egoísmo na gente. A primeira reação é "e se fosse comigo?" ou "como eu vou ficar agora?". Eu quis fingir que era forte, mas na primeira oportunidade chorei e chorei muito, pensando exatamente "e agora? e se eu quiser um abraço? eu nunca mais vou poder te abraçar?" E um ano depois eu ainda me sinto assim, eu ainda me sinto desamparada e ainda choro quando lembro de qualquer coisa (o cheiro, as tardes na sua casa, a comida, o dinheiro que dava pra eu comprar doce, final de tarde sentadas na porta, você gritando pro meu gato voltar pra casa, o medo de trovoada, as músicas e as histórias da sua infância...)Nos primeiros meses você ainda me visitava, dizia que não podia me contar nada, que não lembrava. Depois as visitas foram diminuindo, e você não falava mais nada, só me abraçava. Na última vez, você só veio e ficou me olhando e sorrindo. Foi aí que eu tive a maior certeza que você havia descansado em paz.Eu ainda vou sentir a sua falta, por muito e muito tempo. Mas eu também vou continuar te amando, por mais tempo ainda.Te amo, vó. Um ano cheio de saudades de você. "Será que eu vou te encontrar, outro dia num outro lugar?"
Publicado originalmente em 18 de maio de 2013.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

E daí que eu faço o que amo e amo o que faço?

Acervo
Eu sempre quis trabalhar com TV, desde pequena. Pra isso, passei em várias aulas de teatro, cursos, workshops, cursinho. Aí, um dia, em uma das várias aulas, o professor me perguntou o que eu queria cursar, eu respondi e ele apenas concordou com a cabeça. Essa pergunta se repetiu ao longo do ano, fosse com outros professores me perguntando, o mesmo professor perguntando a outros alunos ou outros professores para outros alunos. A maior parte da minha sala, naquele ano, queria Direito e aí os professores começavam aquele longo papo sobre carreira pública, áreas do Direito e por aí vai. Obviamente o mesmo se repetia com Medicina e Engenharia. Poxa, Rádio e TV, Cinema, Audiovisual ou o nome que tiver, também tem taaantas áreas, nunca tinha visto ninguém me perguntar pra qual lado eu queria seguir, por que eu tinha escolhido isso. Os papos também eram longos pra Jornalismo, RP, Arquitetura, Letras, História... 
Radialismo é uma profissão como todas as outras, certo? Pra exercer, a gente precisa do DRT, assim como um advogado precisa passar no exame da Ordem.Todo mundo assiste TV, não assiste? Não importa o que você vê, não importa se você escuta rádio, se você só vai ao cinema, se só vê vídeos no youtube. Alguém tem que produzir esse conteúdo, não tem? Não tem pesquisa? Não tem desenvolvimento? Não tem planejamento? Não tem que por a mão na massa? Não tem que ver milhares de vezes, não tem que finalizar, não tem que deixar bonitinho pra chegar na sua TV pronto e você colocar a sua bunda no sofá e assistir? "Ah, mas e os erros de continuidade? Você não faz isso direito?" Ué, e não tem juiz que absolve culpado? Não tem prédio que cai ou tem que ser demolido? Se é uma profissão que tá presente diariamente na sua vida, você gostando ou não, e que, sim, comete erros como QUALQUER OUTRA, por que mesmo você me olha com essa cara de dó ou só concorda quando eu digo que TO FAZENDO O QUE GOSTO?

Publicado originalmente em 22 de março de 2013.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sobre crescer


Eu sinto falta de poder me dar ao luxo de não ir na aula, simplesmente porque eu odeio a matéria. Eu sinto falta de não precisar me preocupar com roupa ou aparência. Sinto falta de acordar beem depois do meio-dia. Sinto falta de pegar ônibus pra ir pro colégio quando ainda tava escuro e eu via o sol nascer na estrada. Sinto falta de quando eu dormia no eletrobus enquanto ia pra escolinha. Sinto falta de não ter histórias tristes pra lembrar. Sinto falta de ter meu melhor amigo quando eu tinha vontade de fugir de casa. Sinto muita falta da minha vó e das musiquinhas que ela cantava. Sinto falta de não sentir insegurança quando pensava nisso.

Publicado originalmente em 24 de novembro de 2012.